É muito estranho não te querer, jogar no poço tudo que artificialmente sempre tínhamos. É estranho querer olhar pro teu rosto e teu resto de uma forma amigável, pois há ainda restos de nossos corpos jogados sobre uma areia fria que congela nossos espíritos e nossos pensamentos. Eu ouso me mexer, me trancafiar nas tuas pernas, mas existe um mundo pleno em que eu já estou. É tão estranho te olhar de forma a não te desejar, a não almejar o teu corpo fino e magrelo, gélido, ou moreno. A tua frequência não combia com a minha, se fou positivo você é negativo, se sou vermelho você é preto, mas existe ainda combinação entre isso, só não terá resultado. Você foi os pedaços do resto que sobraram, da mais pura inocência, da minha angústia e da minha decepção (rejeição). Eu só estava tentando preservar o meu ser, mas estes dias prevaleceram como horizontes de outono... até mesmo você é incapaz de dizer quanto tempo faz. Não nascemos pra voltar, e nem pra dar, pra rodopiar, ou pra rolar. Talvez nascemos para que haja essa energia, essa atração entre nossos corpos, que se comem desesperadamente um pelo outro, quando não existe mundo. Se e somente se não existe mundo, não existe obstáculo, em que só há paredes ao nosso redor. Mas infelizmente ou felizmente o mundo existe, e ele atrapalha nossa colhida de um para o outro.
As cortinas ainda estão fechadas... e nem sei ou se alguém sabe se vão ser abertas, é provável que não, eu já estou em outro mundo... O fim não é este, ou seja, o de alcançarmos um ao outro, mas o de conseguirmos o máximo de atração possível, o máximo de química possível.
[...] continua...
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
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