"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Thousand Hours...

A Thousand Hours...

Por mais quanto tempo eu posso uivar dentro desse vento?
Por mais quanto tempo
Eu posso chorar desse jeito?

Mil horas perdidas por dia
Apenas para sentir meu coração por um segundo
Mil horas apenas jogadas fora
Apenas para sentir meu coração por um segundo

Por mais quanto tempo eu posso uivar dentro desse vento?


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Receio

Os dois modos de sentir estão ligados pelo fato de cada um deles se inclinar para se converter no seu oposto aparente, e por causa das incertezas da região essas conversões são quase automáticas. Toda esperança transporta consigo um receio, e cada receio se tranquiliza a si mesmo pela conversão na esperança correspondente.
[...] o interesse da proposição reside no fato de ser bem sucedida no abolir totalmente o tempo futuro assimilando-o ao passado. O que será ou pode ser; porque <<se vier efetivamente a ser, não pode ser concebido como não sendo>> (quicquid futurum est, id intelligi non potest, si futurum sit, non futurum esse>>). A quietude do passado é garantida pelo fato que o passado não pode ser desfeito e que a Vontade <>.
A disposição normal do eu que quer é a impaciência, a inquietação, e o cuidado (Sorge), não apenas por causa de a alma reagir em relação ao futuro com receio e esperança, mas também porque o projeto da vontade pressupõe um eu-posso que de modo nenhum se encontra garantido. A preocupada inquietação da vontade só pode ser aplacada pelo eu-quero-e-eu-posso, isto é, por uma cessação da sua própria atividade e pela libertação do espírito da dominação dela.

Hannah Arendt, em A vida do espírito.

Escombros.

e estas lágrimas nunca desceram tão rápido por tua causa...
eu sei que está no pior dos tempos...
mas ele há de passar...
eu acredito ainda nessa merda?
você que nunca acredita no que digo que sinto por ti...
e eu sempre acabo jogada, entre os escombros, pensando.

domingo, 17 de abril de 2011

Esqueleto das ruínas... atemporal.

Parece que nos encontramos, ao entrarmos no fundo do nosso pensamento, em uma realidade fora de nós e do mundo. Estamos em lugar algum.


Quero-te por perto, com teus cachos a obscurecer a neblina, olhar-te nos teus olhos negros, mas mesmo assim, nunca irias entender. Nunca irá entender o que sinto por você, e que seu eu está jogado na eternidade, conjugado em todos os tempos do meu mundo. Oh mundo, atraia-o para mim em todos os tempos, também! Pareces invisível e cinza, tão distante de mim, não te quero assim, esqueleto das ruínas. Paira sobre mim! Idiotice minha tê-lo deixado à mercê do tempo e das coisas! Pertences para mim, num quarto vazio e colchas brancas, onde ninguém mais pode ver nossos corpos! Mas besteira minha tê-lo deixado ir rumo à temporalidade! Rumo ao tempo escasso, contínuo e absurdo! Você é de fazer o tempo parar, tu fazes o tempo parar, tudo para de rodar só pra o mundo prestar atenção em ti! Quero-te para sempre, e nunca ei mais de deixá-lo ir embora de mim! Aonde é que paro quando penso em ti? Que lugar estou? Como é que fico? Parece que vago em uma estrada que nunca tem fim... em que tudo é neblina, tudo não tem relógio, não tem contas, não tem problemas... Fico no infinito, até que uma hora eu volto para a realidade, e os problemas vem me buscar... Volto à realidade, e vejo que sobre eu e você, nem tudo está bem. Mas a luz de nós há de brilhar, no mesmo sol e na mesma estrada... E eu ei de ser paciente.


Ladyfuria.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Janela da decepção I

Eu queria poder me jogar da janela agora, mas tem gente em casa. O ritual não se satisfaria se a solidão não estivesse presente. Eu choro, pois, porque eu tento, tento, tento, e de nada me adianta, pois eu sou um fracasso humano. Me corto, me labisco, me risco e, naturalmente, me mato. Quando vejo que tudo está indo pro poço, eu tento realçar as minhas capacidades. Tento subir as escadas do paraíso, mas sempre caio. Caio. Caio.
Eu perco tudo que tenho. Não enxergo os horizontes. Vejo tudo preto.
Eu não quero estar assim, mas esse estado é a minha condição humana para estar aqui ainda... e viver o pior dos fogos. Ninguém nunca há de se matar por meus espinhos, como eu que gosto das pessoas até o fio do cabelo, e só estrago a elas e a mim mesma.
Pois, então, eu quero morte, eu quero sair.
θάνατος...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

J. Curtain (I)

É preciso duvidar de tudo...
o que me resta, apenas, são pequenas considerações sobre mim mesma,
e sobre do que há de se reaproveitar em ti...
Que será que pensas?
espero que veja o lado útil e bom... descompassante.
És isto. Sairá do compasso junto a mim?
Todos os cinco horizontes giravam ao redor de sua alma...
Agora, o ar que eu provei e respirei tomou outro rumo.
Mas ainda te quero, da mesma forma imprevisível e concupiscente.
Faça parte de mim, te quero em plena contradição.

sábado, 9 de abril de 2011

O presente está fora de controle.

Cinza. Teu mundo é cinza, mas o próprio mundo em si é cinza. Vejo-te caminhar pelas estradas, sem rumo de visão, sem objetivo, tentando ser alguém pela luz do sol. O sol guia-te, e você é somente a sombra... você e tudo o que você carrega. Não digo só de ti, mas de mim também.
E é tão estranho ver tudo cinza, como realmente as coisas são. Como realmente as coisas são? Cinzas. A alegria vai embora, e vai habitar outros lugares. E eu fico com minha distorção cinza, sobre tudo o que olho. A vida não tem muita graça assim. Tudo é quase que instintivo, e minha mente, racional. Fico reflexiva, pra baixo, só de ver-me nesse mundo. Eu queria não poder mais estar aqui, e viajar pra outras terras - ou ares. Fora daqui. Fora desta materialidade. Fora deste cinza.
Eu só queria respirar direito.
Mas acho que consigo fazer isso nesse mundo cinzento.
Meus pulmões trancam um pouco.
Você abala meu coração, porém, o cinza impede-o de viver naturalmente.
Não sinto quase nada. Me torno insensível.
Mas ao mesmo tempo consigo perceber o quanto meu coração bate, e o quanto ele sentiria se estivesse vendo as cores naturais.
Eu queria poder viver outras coisas, mas me sinto tão trancada aqui. Eu sei que não sou daqui, sei que pertenço a outros pisos. Mas tenho de ficar aqui, nessa minha condição humana. Ou inumana.
Pra onde vais? Vejo-te caminhar por aí, sem saber pra onde ir... Sinto vontade de que me carregue sob teu colo, e me leve contigo pra onde for... e o cinza me impede de viver-te. me impede de sentir-te da minha maneira incrivelmente irresistível e cruel. Aonde estão as cores? Mostre-me, ou continuarás cinza...
Quero viver, ou poder viver... Possibilidade da possibilidade... é isso que és.
Quero ter alguém que me diga que tudo vai ficar bem; tenho as pessoas, mas ninguém me diz. Então vago nesse ônibus, com minha mochila, rumo a um lugar que eu não sei... Não sei onde vou parar, ou com quem irei encontrar no caminho. Só quero estar bem. Quero que alguém me faça acreditar nisso. Possibilidade-para-a-possibilidade...