"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amor cansado

Eu espero que alguém abra a porta...
e venha me buscar desse tédio que me absorve.
Eu quero a vida, eu quero a morte.
Eu desejo você.


Ah, que cansaço. Mas o dia
nem se quer acabou.
E eu aqui, solfejando as notas
das palavras que ele me disse.
Já não durmo virada pra parede,
olho para a porta e ela
nunca se abre.
O guarda-roupa permanece onde está,
iluminado e escuro. Já faz parte
do meu mundo cansado.
Uma mesinha bagunçada com papéis
e pincéis já se cansaram
de escrever o que eu sinto.
A janela à espera do
fantasma convidado e transparente.
Só que ele só aparece quando eu
Não o convido.
Isso é amor.
Um amor cansado.
Não cansado de tudo.
Cansado do sol ensolarado
que esquenta meus cabelos limpos
lavados pela aurora da neblina matinal.
Ah, como eu queria que fosse
o vento.
Assim ele me levaria novamente
para a cama, a parede, o guarda-roupa,
a janela, o fantasma.
O que mais falta se cansar?
Venha, e eu o amarei.
Venha, quero cansá0lo até me fazer morrer
quero que sinta a água doce
do dia,
e a água gelada da noite.
sem gosto.
Cansar-te para lhe ver sofrer as águas
que eu lavei meu cabelo.
Até sentir-te...
Até amar-te...
Ele nunca tem fim. E sempre
agüenta a dor.
É por isso que lhe quero,
faz de mim seu cansaço
como eu o faço para mim.

Cansar-te para lhe ver sofrer, as águas
impuras que eu bebi
até sentir-te, até...
Nunca tem fim, e você sempre agüenta a dor.
(Isso é um modo de dizer "eu te amo"?)

Lady Furia, the Queen of Pain.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Eu vou me basear em alguém.

Não importa o que eu disser, sempre terei algo ou alguém em mente. Eu confundo as coisas, troco A por B, digo que C é A, enfim. É uma bosta.
Vou começar...

"As serpentes dizem não... a moça diz sim... eu quero mordê-la até sangrar, por favor me aceite. (surreal)Lamba a minha ferida? Eu sei que dói, eu sei o quanto é ruim, mas eu preciso de ti. Não da sua carne nem de seus cabelos grossos. Quero-o no espelho. (fantasma) Quero puxar os seus cabelos grossos , talvez enrolados. Dai-me o que quero, e retribuirei com a temporalidade. Ou desejas a eternidade? Não quero mais dizer. Não quero mais você. Cai fora daqui e suma da minha vida, porque meu desejo agora é outro... quero outras coisas... eu preciso saber de algo... não quero mais falar sobre isso... agora que eu te contei o meu segredo, acabou. sinto pouco. você renasceu meu desejo de morte. eu não quero mais morrer...quero ser desesperada para sempre. Amém".

Marriane

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Vício e paixão

Misturar vício com regra, paixão com eternidade, sabor com gostosura, entre outros. Devo degustar poucas gotas dessa confusão, mas devo-me dirigir à eternidade por toda eternidade... se não desviarei meus planos e irei para o mundo da perdição caso eu tome um copo de mistura.
Devo concentrar-me em meu eu e não em minhas paixões... caso eu concentrar nos meus desejos, perderei a minha concepção do meu eu, que estou construindo... preciso apenas tomar algumas gotas de vinho (ou de puro prazer incapaz de ser realizado, intocável) para manter as esperanças de que ainda meu corpo sente algo... mesmo que sinta algo asquerozo e nojento...
Eu te amo talvez não exista, mas "eu estou apaixonada por você" existe.
Marriane.

sábado, 16 de outubro de 2010

Deixa amanhecer...



Quem Vai Limpar O Quarto De Gregor Samsa?

Dance Of Days

Composição: Nenê Altro

Não vou mais me levantar.
Não vou mais tentar
pois sempre acordo sem lembranças
tentando dizer que nada mais vai me machucar.
Nada mais vai me fazer acreditar
ser capaz de mudar, então deixa amanhecer...

Deixa outra vez sem saber porquê
Deixa outra vez sem saber...

Tentaram dizer que o garoto deveria viver
sem lhe avisar que não lhe deixariam portas
pra sair de seu quarto nem janelas.

Não vou mais insistir.
Não vou mais tirar de mim
a maquiagem borrada
e este gosto que não sabe parar.
Não vou mais tentar fingir ser forte e sorrir
quando nada mais me satisfaz...
então deixa amanhecer...

Deixa outra vez sem saber porquê
Deixa outra vez sem saber...

Tentaram dizer que o garoto
deveria correr sem parar.
Mas como correr se lhe arrancaram as pernas?
Como escapar?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Tenho desejo de mim mesma"

Eu acordo, a um horário não tão cedo, mas nem tão tarde, e começo a perceber o dia. Espero pombas pretas passarem no céu azul, para que me animem ao meu levantar. Às vezes fico com sono e tento destrair-me com Gabriel Márquez García. Eu sabia que precisava ler mais um livro dele, talvez para descobrir o quão sou esteta e asceta ao mesmo tempo. Bem, vamos lá.
Mais filmes assistidos, mais livros lidos, mais Kierkegaard's na minha mente, mais Sócrates e menos Aristóteles. Talvez Aristóteles um pouco mais, pois preciso estudar esse filho da mãe que segundo Muy Bem, falava mal das mulheres mas as tratava bem. O que eu duvido. Dessa vez fui de 500 dias com ela, pra tentar viajar um pouco mais na viagem do amor. Procuro escritos que me façam perceber que isso existe. E me identifiquei com esse filme, pois tratava de um assunto muito próximo ao qual eu estou em busca. É uma busca longa e pesada, além de muito cansativa. Alguém me estimulou a fazer tal procura, e está sendo ótimo pra mim. O que já não era a tempos, como 2005.
Eu desejo saber sobre mim, e sobre os outros. Os outros, ou a mim, que deve(m) ser meu ponto de partida? Sei que necessito de alguém para me estudar, pois como já dizia o maldito Aristóteles, "o homem é um animal político", ou seja, tem precisão de agrupar-se para conhecer a si e aos outros. Porque quero saber sobre mim? Porque necessito desta fase, deste processo? É tão complicado essa resposta, que talvez livros possam responder. Estou tão vidrada em temas como o existencialismo, o medo, a dor e o prazer que não me desgrudo mais de meu próprio eu, praticamente. É claro que não converso comigo mesma. Quer dizer, às vezes. Tá bom, eu admito, sempre falo comigo. Ou ao menos tento. Eu quero ser alguém. Quero dizer palavras aos outros. Quero que aceitem as minhas palavras, como também quero aceitá-las. Mas é difícil, mui difícil. Sou ainda um animalzinho. Uma criança. Que está atrás do que não é verossímil, mas plenamente verdadeiro, e que ainda me diga porque estou aqui. E porque existo, ou pra quem existo. Se é que existo para alguém.
Fico pensando muitas vezes, porque existo? Se estou aqui, é porque tenho algo a fazer, ou então, algo a mostrar com minha vida e minha morte. Devo ser moral de algo. Como também devo ter a moral de alguém. Conhecendo o meu ser e a meu espírito, só assim saberei porque estou aqui e qual é o valor ou significado de minha existência... Que Kierkegaard esteja certo. Ou Sócrates, minhas duas paixões. Ou melhor, meus dois amores, pelo qual encontrei uma das razões que preciso estar ainda aqui neste mundo de prazeres e desprazeres. Sinto vontade de chorar quando me lembro do filme de Sócrates, ou da obra de arte que pintaram dele quando vi num artigo que se chama "Suicídio entre filósofos". Mas vale dizer que Sócrates não se suicidou, embora muitos pensadores o achassem. Ele agora contempla a verdade, ou está me esperando para que eu contemple com ele... Bobo, não?
Junto à existência dos outros, eu me encontro em um ponto existencial, junto a essas outras pessoas. Elas me auxiliam, de certa forma, na minha busca de si mesmo.
"Pode uma pessoa ler livros incontáveis, assistir a conferências altamente intelectuais, cumular vastos cabedais de ilustração; mas se não souber penetrar em si mesma, para descobrir a verdade, para compreender o processo total da mente, os seus esforços, por certo, só gaverão de torná-la mais superficial ainda". Krishnamurti . Mais além ainda: "Estou apenas a ser como um espelho da vossa vida, no qual podeis ver-vos como sois. Depois, podeis deitar fora o espelho; o espelho não é importante." Krishnamurti. O que ele quis dizer é que ele está sendo um instrumento para que possamos, ou melhor, para que eu possa descobrir o meu eu. É essa a função do outro, ele te ajuda a encontrar o que há dentro de si, para depois deixar de utilizar o outro dessa forma quando acabar o seu uso. Mas amigos não servem somente para isso; este é apenas uma de suas utilidades, embora tenha várias outras.
Esta é a mensagem que deixo a todos.

Marriane.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O pior dos demônios

Mais um dia... mais vários dias... e a vida vai passando. ótima frase para começar uma postagem.
mais uma vez um daqueles sonhos que me atormentam e me fazem ter um dia ruim... não sei o que acontece, mas esse tipo de coisa mexe muito com o meu espírito. fico desanimada, trato todo mundo mal e não sinto vontade de falar com ninguém. porém, o sonho não foi tão horrível assim. horrível é seu conteúdo. Esta vontade horrenda de ficar com alguém, de sufocá-lo, de amá-lo, talvez seja o motivo de tal sonho. Fico à mercê todos os dias da semana a uns pobres livros. Mas talvez não tão pobre assim. Meu espírito anseia por conhecimento, enquanto meu corpo sente falta de alguém. Preciso de atenção, preciso de atenção. Eu quero conversar com alguém. Mas não com desconhecidos, ou com pessoas que tenho que falar de outras coisas. Necessito de um confidente. Porém, o que eu teria a contar? Talvez alguns pensamentos, e esses sonhos escrúpulos que tenho de vez em quando.

I

Mais uma vez o anjo mau aparece... ou melhor, este anjo é um dos piores dos demônios, pelo qual me atrevi um dia a beijar, me descabelar e viver apenas para beber uma gota de sangue. tal demônio tirou-me a vida, me arrebentou, me humilhou, e me jogou aos escombros. e agora, o que sobrou? soterrados em um quarto, sem saber para onde ir, estamos perdidos entre as janelas e à ausência do sol. seu corpo rubro e sua mão negra congelaram ao me verem, até que eu tive que tomar alguma atitude. com o tipo de frase "dai-me um abraço?", você talvez ficara com dó de uma pobre garota e abraçou-me. no começo achei que não era pra valer, ou que fez isso por respeito. mas fui abraçando-te e percebi que você fazia também por desejo; aquilo foi esquentando feito uma fogueira. abracei teu ser mais forte que podia, pensando no nosso suposto passado, porém sem intenções. você, mais quente que eu aparentemente, também começa a reagir com apertos e sufocações, com muita ansiedade talvez. nossos rostos se aproximaram graças a não ter onde pôr, e enfim nos beijamos. o pior mal de todas as épocas? havia uma cama atrás de nossos corpos, pelo qual nos atiramos ali rapidamente para reviver os tempos passados. agimos feito lobos em busca de sua caça; parecia a primeira vez que desejamos um amor que fizemos a tempos. com tanta angústia e conflituosidade, beijamo-nos cada vez mais, sem parar, sem parar. eu sentia alguma coisa doer... é claro, eu estava traindo alguém. continuamos na perdição, tempo que eu não quero jamais voltar. e tento fugir todos os dias da empeiria enganadora do amor. embora eu ame alguém. [nem todos os amores realmente o são...]
Eu não gostaria de dizer mais nada.

Sonho da madrugada do dia 7 de out. 2010, Marriane.