"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

J. Curtain (II)

Você tem um bolso cheio de segredos
Eu sei que você nunca diz a ninguém...
mas eu gostaria muito de sabê-los
pois sei que coisas muito importantes estão dentro de você
inclusive eu...
eu gostaria muito de saber sobre seus segredos
quem sabe eu não me apaixone mais por você
e colore o meu mundo cinza...
Olá, adeus
um dia te vejo, no outro te arrebato
por favor me conte seus segredos para que eu não diga adeus...
na verdade eu sempre digo, mas eu sei que você não acredita, e nem eu...
é apenas uma passagem para uma nova fase da nossa distância...
distância, 1 ano, 3 meses, 6 dias, não importa
sempre há de haver...
e estive preso no espelho por tanto tempo
que nem sei bem, e mais cem anos,
seis meses, três dias, tudo bem... tanto faz.
tanto faz.
Traga-me para o fogo
e jogue-me nas chamas...
Então me mostre o amor
Quem tem sua mão no botão agora
Mostrando o amor
Você tem a sua mão no botão agora.
voce não consegue sentir meu amor
e eu não posso sentir minhas pernas
mas eu ainda estou correndo...
Eu ainda estou correndo...
Na noite passada eu sonhei com você...
Se você tivesse ido até mim..
se tivesse se aproximado de mim, eu perderia o controle..

você sempre estará a minha espera, mesmo que não queira
estás a minha espera até o sol se por
Eu estou morrendo aqui
mas eu estou viva...

Eu ainda estou correndo...em direção à você.

Oh memórias,
você não vai falar comigo?
Você pode me mostrar o caminho de volta para casa?

Deixe-me ir...
Minhas memórias me fazem confundir...
Não lembro a última vez
que eu me senti tão jovem
como quando foi com você, em meio à mil pessoas,
deitada num pano
enrolada em seu cobertor
com você do meu lado, me protegendo enquanto durmo...
cuidando das minhas coisas, da minha alma, do meu corpo...
e quando acordo eu não tenho a coragem de lhe dizer
o quanto eu gostaria de te beijar...
Foi-se o tempo, e eis-me aqui,
eu ainda existo. Eu ainda vivo.
E relembro em meus sonhos o momento em que você entregara seu cobertor para mim
me estendendo a mão por companhia, por desejo e por prazer.
O tempo é o que nos une... numa linha sem fim... meu desejo por ti não tem fim...
mas sei que somos incompatíveis...
e mesmo assim eu gostaria de passar mais uma noite com você.
Foi com você que aprendi que a vida ultrapassa os meus sonhos
que devo vivê-la, usufrui-la...
foi com você que aprendi isso, e até hoje não o repito...
por favor deixe-me agir assim com você...
Você é a porta do meu abrigo
da minha mais pura dor... do meu medo...
do meu medo de ter medo...
do meu medo do cinza...
medo de ti...dos teus segredos
das tuas infâmias...do teu verde,
do beijo-lagarto e dos cabelos compridos.
Deixe-me ir encontrar a resposta...
ela está em ti
Deixe-me ir até você, para que eu deixe de ser crua.
Quero abandonar minha amiga solidão.
Você está atrás das cortinas de meu quarto...
me observando...me vendo esse tempo todo chorar e me debruçar para os monstros...
eu te vi na janela...
agora você nunca mais foi embora, mesmo que nos separemos por dias, meses, anos...
aí está você...
me prendeu com uma corrente em seu coração, ao qual eu nunca mais vou poder sair.

Ladyfuria.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Time. [2]

A gente às vezes sonha com o que nem espera... ou com o que não quer sonhar. Perfeito caso para me descrever, sonhar com pedaços de restos, com prazeres inesgotados e não usufruíveis por minha mônada... e o tempo é um ótimo fator para tentar responder. O silêncio começa, e alguns ruídos aparecem calmamente até chegar a palavra Time. É essa música que/quem toca. E quem dirá que o tempo é a primeira palavra do meu vocabulário, pois tento encontrar respontas nele. Afinal, nada ainda está respondido, pois o tempo ainda não passou. Quem sabe um dia, perto da morte talvez, eu ainda descubra o que é a vida, e possa usufruir de seus prazeres disponíveis - que aliás não só a vida oferece. Nem mesmo os prazeres fora dela eu consigo ter, quem dirá fora. O único lugar que posso encontrar prazer jorrando são nos meus sonhos. Mas isso acaba sendo vago, pois acabo não vivendo a vida. Sonho com o que fujo, que são os mais diversos prazeres, até os mais pecaminosos, os da carne, os dos doces, gortura trans, abomináveis prazeres. Se um dia vou tê-los comigo, eu não sei, vai depender do tempo e de mim. Será que vale a pena? Eu teria que deixar essa minha vida de vegetal e partir para uma nova vida. Será que vale a pena? Não é só isso que está em jogo... eu tinha todo um destino preparado, todo um plano traçado pra minha vida, mesmo eu não sentindo muita coisa com este plano. O que me faz mesmo viver é o que eu não me atrevo a tocar. Posso tocar um dia sem perder tudo o que estou construindo - ou seja, perder o que nem está feito? Vai de mim e do tempo... Tempo, me ajude nessa questão, e me ajude logo, faltam poucos dias para o meu aniversário, e alguma coisa muito grande está perto de acontecer. Não quero mais ouvir todos esses gritos perto e em mim, pois eu sei que eu posso chegar mais além. O silêncio volta, e tudo acaba ficando no mesmo lugar. Mas não sei mais se é assim que é pra estar. Perdi o encanto para com os meus planos. Talvez esteja na hora de mudar. O melhor prazer é não pensar e deixar passar o momento. Mas sou uma pessoa de certa forma reflexiva - embora tenha feito e faça muita bobagem. O silêncio me escapa e uma hora tudo cai para a ponta do funil. Time... foi essa música que estava presente no meu sonho de hoje. Pessoas correm, aparecem e somem neles, e eu fico muito apreensiva por vários dias. Não consigo conversar com ninguém, eu fico com essa angústia em meu peito, esperando por companhia, por uma pequena conversa com essas pessoas que passam por meus sonhos, e muitas vezes até abusando, um beijo.

Tudo isso se revela em 7 minutos desta música... (Time - Pink Floyd):
Indo embora os momentos que formam um dia monótono
Você desperdiça e perde as horas de uma maneira descontrolada
Perambulando num pedaço de terra na sua cidade natal
Esperando alguém ou algo que venha mostrar-lhe o caminho

Cansado de deitar-se na luz do sol, ficar em casa observando a chuva
Você é jovem e a vida é longa e há tempo para matar hoje
E depois, um dia você descobrirá que dez anos ficaram para trás
Ninguém te disse quando correr, você perdeu o tiro de partida

E você corre e corre para alcançar o sol mas ele está se pondo
E girando ao redor da Terra para nascer atrás de você outra vez
O sol é o mesmo de uma forma relativa, mas você está mais velho
Com pouco fôlego e um dia mais próximo da morte

Cada ano está ficando mais curto, você parece nunca ter tempo.
Planos que dão em nada ou em meia página de linhas rabiscadas
Aguentando em desespero quieto é o jeito inglês
O tempo se foi, a canção terminou, pensei que tivesse algo mais a dizer

Em casa, em casa novamente,
Eu gosto de estar aqui quando posso
Quando eu chego em casa com frio e cansado,
É bom esquentar meus ossos ao lado do fogo
Muito longe, atravessando o campo
O badalar do sino de ferro
Convoca os fiéis a se ajoelharem
Para ouvir feitiços ditos em voz suave.

Quando eu perceber, perdi 10 anos da minha vida... eu ainda não sei como viver, sou como uma criança perdido num mundo de fantasias, em que se tem muitas opções, mas não sabe o que escolher. No meu caso, não escolho nada. Fico trancada em mim mesma sem revelar as coisas, esperando que alguém venha abrir. Ao contrário de Adalgisa e suas escadas... Ninguém me disse que eu tinha que correr... quando decido correr, já é tarde. Essa é uma boa música para o Natal, para o Fim de Ano. Espero que todos tenham algo a dizer, e não fiquem apenas apreensivos com mais um ano que trará muitas conspirações e dúvidas, com mais um ano que trará muitas mortes e desgraças, com um ano sem saber se todo a sua luta levou a algo...
vou-me embora para o Mundo Obscuro de Marriane, enquanto o tempo ainda não traz as boas novas...

Marriane.
ou Karol, pessoalmente.

sábado, 19 de novembro de 2011

Saturno e o enigma (frase)

A magreza é um dos piores ingredientes para a atração de um capricorniano.
FATO!
Agradeça a Saturno se ele fez isso por você. Amém.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Matty and Franky

my mind is fucked...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A distância entre nós.

É preciso sempre fazer uma decisão. É preciso sempre honrar a liberdade. Mas a honramos somente pela honra em si? Ou pelo nosso bem? Ou por curiosidade? Ou por... qualquer coisa. Não se deve ser assim, o homem nem sabe porque escolhe entre uma coisa e outra, e acha que é livre. Tenho um destino imposto a mim, e por isso deixo de ser livre? Bem, muitos dirão que sim, mas eu digo que não. Desde de quando se estabeleceu os traumas em mim, e até mesmo antes disso, eu sabia que eu tinha um destino. Não um destino qualquer, e nem se trata de um só. Mas do que falo neste momento é o único fato maior de todos ou um dos maiores da minha vida que eu já descobri, e que nenhum ser humano estaria apto a compreender tal fato, a não ser eu mesma. Nem eu mesma na totalidade deste fato posso compreender, pois vai algo além de minha própria vida. Uma coisa eu sei: o amor existe. Só não é fácil descobrir se amo alguém. Há meses atrás, ou há anos - pois eu vivo mudando - achava que não amava ninguém, mesmo dizendo às pessoas que eu as amava. Hoje em dia não digo nada, ou às vezes, quando o sentimento pula de meu espírito, sai a frase "Eu te amo" num momento inoportuno.
Parece tão artificial o que escrevo, pois tudo que eu disse aqui não era nada do que eu queria dizer. Mas tal não significa que o que escrevi é falso.

Eu queria poder dizer a alguém o quanto eu sinto ao ver-te, o quanto eu sinto em apreciar o teu olhar sereno e desinteressado em mim, os teus cachos brilhando na névoa depois de um banho matinal, o teu sorriso puxado com dentes indescritíveis, a tua pele clara ao pôr do sol e nas noites de tremendo frio. Mas eu sou um incógnita para ti, sou a indiferença, sou a dúvida, sou a distância entre nós... Meus erros é a nossa distância, o meu sentimento por ti, as minhas escolhas, os meus caminhos seguidos, o meu corpo alastrado de manchas estranhas, os vales por onde andei e me perdi, por onde encontrei o que sempre esteve fora de mim, o exterior. És a minha luz do quarto, é a minha única e perfeita saída; eu não sou hermética e nem o quero ser, não há como ser, pois és o meu destino; não quero peragrare, não quero não estar com você. O destino não abala a minha liberdade... pois mesmo que eu me distancie de ti, não irás deixar de ser meu, meu destino, e totalmente meu, mesmo que eu não lhe toque. Eu não preciso.

Marriane
para Morrissey.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O frio do sol...

Os dias são tão estranhos sem você
Sinto-me como um ser incompleto, alienado, sem consciência
total do mundo.
Você é a ferramenta do obscuro,
das terras incertas
que eu tento viver.
És o mistério do próprio mistério, do meu eu e do seu.
Quero-te por perto, para ver a
escuridão
que traz a sua própria contradição: a claridade. o visível.
Sinto frio sem teu frio.
sol gélido.

E esse foi o único pedaço resgatado de um caderno sobre você... A única carta de amor que escrevi pra você. A única carta de amor que eu escrevi pra você, eu perdi. A única. Agora o que me resta é a recordação dela e de ti, que de ti é mais frequente e mais viva, pois ainda tenho os teus olhos pra olhar, a tua pele clara pra sorrir, teu cabelo preto a me esfregar, teus cachos a me rodar, tuas pernas a me cobrir... Mas sei que estarás sempre longe, longe pra me proteger do grito da coruja. Quando o tenho, o tempo pára, os problemas somem, fica apenas o clima do eu, do teu eu e o de nós. Eu ainda vou resgatar meu pequeno caderno e terminar de mostrar aqui o que era pra ser mostrado somente a ti. Mas salvei este pedaço como que um rascunho, e o tenho graças a isso. É a minha única recordação. É a minha única carta de amor que te escrevi, e nem se quer te dei.

Um ser que já descobriu quem é.
(e o que quer).

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

νὺξ II

Esta noite... és o meu paraíso. Sonhei contigo novamente, eu queria muito te beijar. Estavas tão distante, mas eu estava tão perto de ti corporalmente. Você não me vê como eu te vejo, pois não fazes ideia de meu sentimento. És tão obscuro para mim e para todos, um pouco tímido, mas vejo um tanto de clareza em ti. Sua pele é clara assim como o seu cabelo; teu tom beje; teus lábios quase transparentes, secos, ríspidos, pelo qual eu sinto uma imensa vontade de tocá-los. Tua face redonda, dos cabelos claros, pele macia e limpa. Quero as minhas mãos para te tocar do jeito mais divino possível. Mas não estás aqui, andas distante do mundo, quem dirá de mim. És a pureza em perfeita pessoa.

Sonho da madrugada do dia 5 de Agosto.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

νὺξ

Ei sei que já é hora de dormir, mas não vais... Fica-te. Fica por aqui, em meus cantos, nesse quarto gélido, ao meu lado, e aprecia-te os monstros. Usufrua da minha solidão e do meu desespero, do meu frio e do meu escasso. Quero-te aqui. Fica-te. O chão está gelado. Fica-te ao meu lado, nesta cama, o cobertor vermelho há de te esquentar. Não por um momento, mas peço-te, faça isso só por um momento. Só por esta noite. Ao menos essa noite. Fica-te aqui em meu quarto escuro e descubra o meu eu. Me esquente com teu frio, nesta noite. Só por esta noite. Ao menos nessa noite.

Um ser que ainda não descobriu quem é.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O despejo do desejo.

as coisas mais fortes que sentimos são as que não experimentamos...
e quando experimentamos, tudo perde seu valor.
por isso que prefiro ficar na espreita só observando o objeto que me atrai.
por vezes tento enfrentar meu desejo, satisfazê-lo, e ele se transforma em algo tão sem sentido.
e quando as coisas que eu não desejo me desejam me fazem sentir um incógnita... até que eu percebo que desejo também, mas não da mesma forma.
é um desejo sensual e artificial.
aprecio o que quero, às vezes passo a usufrui-lo, mas sempre me arrependo.
a sensação do momento que se satisfaz nunca é tão boa quanto a do momento de senti-la, e não o de tê-la.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Na m'agapas...

Παύλος Σιδηρόπουλος (Paulos Sidiropoulos)

Να μ’ αγαπάς (Me Ame)

Σου γράφω πάλι από ανάγκη
η ώρα πέντε το πρωί
το μόνο πράγμα που 'χει μείνει
όρθιο στον κόσμο είσαι εσύ

Τι να τις κάνω τις τιμές τους
τα λόγια τα θεατρικά
μες στην οθόνη του μυαλού μου
χάρτινα είδωλα νεκρά

Να μ' αγαπάς όσο μπορείς να μ' αγαπάς

Κοιτάζοντας μες στον καθρέφτη
βλέπω ένα πρόσωπο γνωστό
κι ίσως η ασχήμια του να φύγει
μόλις πλυθώ και ξυριστώ

Βρωμάει η ανάσα απ' τα τσιγάρα
βαραίνει ο νους μου απ' τα πολλά
στον τοίχο κάποια Μόνα Λίζα
σε φέρνει ακόμα πιο κοντά

Να μ' αγαπάς όσο μπορείς να μ' αγαπάς

Αν και τελειώνει αυτό το γράμμα
η ανάγκη μου δε σταματά
σαν το πουλί πάνω στο σύρμα
σαν τον αλήτη που γυρνά

Θέλω να 'ρθείς και να μ' ανάψεις
το παραμύθι να μου πεις
σαν μάνα γη να μ' αγκαλιάσεις
σαν άσπρο φως να ξαναρθείς.

Escrevo novamente para você porque realmente preciso.
São cinco da manhã
e a única coisa que se mantém
de pé no mundo é você.
Quão bons foram os elogios.
As palavras daqueles atos
estão na tela de minha memória,
como imagens de papéis mortos.

Me ame, o quanto você puder, me ame.
Me ame, o quanto você puder, me ame.

Olhando no espelho,
vejo um rosto familiar,
cuja a feiúra talvez sairá
se eu lavar e me barbear.
O mau hálito cheira a cigarro,
minha mente está cheia de pensamentos.
Na parede,
um quadro da Mona Lisa
me faz ficar mais próximo ainda de você.

Me ame, o quanto você puder, me ame.
Me ame, o quanto você puder, me ame.

Apesar desta carta estar no fim,
ainda preciso muito de você.
Como um pássaro precisa de um fio de poste para se sustentar.
Como um preso precisa
de liberdade.
Quero que você venha e me acalme,
me conte um conto de fada,
que me abrace como a Mãe Terra,
que me leve à luz branca.


(as partes em azul são as que realmente interessa para ti, ghost.)

sábado, 11 de junho de 2011

Pensamentos sobre os meus devaneios

E a estrada espera...
já é de manhã...
Saber que vou ter que acordar mais uma vez, com o frio em minha face, com o pé gelado debaixo das cobertas, com a neblina a me esperar.
Nada mais é tão novo...
Eu tento fazer trocas comigo mesma, sei que existe uma ação maior, existe algo melhor pra se fazer do que essa luta...
Mas o meu casaco vermelho irá me esquentar;
com um livro qualquer sobre Kierkegaard, estou a navegar
sobre as neblinas do pensamento...
Oh Kierkegaard, ilumine meu pensamento! Me faça descobrir o que há entre o estado estético e o religioso, sem ser o ético. Como se dá essa passagem? Há como se desdobrar em outros estados, ou até mesmo regredir?
Por favor, não diga que sim, não diga que não, não responda qualquer coisa,
pois estará como um segundo fantasma em meu espírito,
pelo qual eu não posso fugir.
Te devo uma vida inteira,
pois me fazes descobrir o sentido da minha
me dás passagem para a eternidade
e o infinito
coisas que sempre achei que eram
tão longes de mim...
Andarei com uma caderneta
para anotar tudo que se passar de existencial em minha mente...
Porei um Paulos Sidiropoulos no ouvido
e um iLiKETRAiNS
e caminharei pelas estradas frias
em busca de um sinal de vida...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A decadência.

Eu já desconfiava que era impossível te esquecer. Ainda bem que nunca tentei. Mas sempre rodeei o mundo em minha volta, sabendo que você não estaria nele. Sim, para não sermos perfeitos. Eu precisava de agir, pensava. Mas não,agi completamente errado, como a moça de um sapato rosa goiaba...

Eu já desconfiava que seus pensamentos rodeavam outras costas, outras nucas, outros shorts. Ainda bem que em mim permaneceu o roxo. O preto, embora, desmoronou-se, e passou a caminhar por outros odores. Penso no quão frio és, matutando se isso é bom ou ruim. Penso no meu lado negro também, que não compartilhei com ninguém. Apenas com os monstros e fantasmas perdidos entre as noites no meu quarto. Queridas noites em que eu encontrava o vazio dentro de mim e o dos postes...

Permeia entre outras flores e cantos. Entre outras musas e léthes. Entre aletheias e ZEljUNG. Mas sei que o ponto inicial e final sempre será eu. Sempre será meu, e eu, o nada, em busca de Enkelt, em busca de fyldige. A perfeita decadência... está em nós. Eu já não procuro mais andar por esses caminhos, caminhos em que a tua luz não está, nem os teus conselhos e seus cabelos pretos, macios feito água molhada e fria no corpo.

Se quer saber, não amo-te humanamente, mas espiritualmente, pois minha pureza por ti não cabe nesse mundo esbelto e cheio de paixões, mas no interior e transcendente, sem ilusões...

O progresso está...dentro de nós mesmos.

Temos esse tempo pra perder.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Thousand Hours...

A Thousand Hours...

Por mais quanto tempo eu posso uivar dentro desse vento?
Por mais quanto tempo
Eu posso chorar desse jeito?

Mil horas perdidas por dia
Apenas para sentir meu coração por um segundo
Mil horas apenas jogadas fora
Apenas para sentir meu coração por um segundo

Por mais quanto tempo eu posso uivar dentro desse vento?


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Receio

Os dois modos de sentir estão ligados pelo fato de cada um deles se inclinar para se converter no seu oposto aparente, e por causa das incertezas da região essas conversões são quase automáticas. Toda esperança transporta consigo um receio, e cada receio se tranquiliza a si mesmo pela conversão na esperança correspondente.
[...] o interesse da proposição reside no fato de ser bem sucedida no abolir totalmente o tempo futuro assimilando-o ao passado. O que será ou pode ser; porque <<se vier efetivamente a ser, não pode ser concebido como não sendo>> (quicquid futurum est, id intelligi non potest, si futurum sit, non futurum esse>>). A quietude do passado é garantida pelo fato que o passado não pode ser desfeito e que a Vontade <>.
A disposição normal do eu que quer é a impaciência, a inquietação, e o cuidado (Sorge), não apenas por causa de a alma reagir em relação ao futuro com receio e esperança, mas também porque o projeto da vontade pressupõe um eu-posso que de modo nenhum se encontra garantido. A preocupada inquietação da vontade só pode ser aplacada pelo eu-quero-e-eu-posso, isto é, por uma cessação da sua própria atividade e pela libertação do espírito da dominação dela.

Hannah Arendt, em A vida do espírito.

Escombros.

e estas lágrimas nunca desceram tão rápido por tua causa...
eu sei que está no pior dos tempos...
mas ele há de passar...
eu acredito ainda nessa merda?
você que nunca acredita no que digo que sinto por ti...
e eu sempre acabo jogada, entre os escombros, pensando.

domingo, 17 de abril de 2011

Esqueleto das ruínas... atemporal.

Parece que nos encontramos, ao entrarmos no fundo do nosso pensamento, em uma realidade fora de nós e do mundo. Estamos em lugar algum.


Quero-te por perto, com teus cachos a obscurecer a neblina, olhar-te nos teus olhos negros, mas mesmo assim, nunca irias entender. Nunca irá entender o que sinto por você, e que seu eu está jogado na eternidade, conjugado em todos os tempos do meu mundo. Oh mundo, atraia-o para mim em todos os tempos, também! Pareces invisível e cinza, tão distante de mim, não te quero assim, esqueleto das ruínas. Paira sobre mim! Idiotice minha tê-lo deixado à mercê do tempo e das coisas! Pertences para mim, num quarto vazio e colchas brancas, onde ninguém mais pode ver nossos corpos! Mas besteira minha tê-lo deixado ir rumo à temporalidade! Rumo ao tempo escasso, contínuo e absurdo! Você é de fazer o tempo parar, tu fazes o tempo parar, tudo para de rodar só pra o mundo prestar atenção em ti! Quero-te para sempre, e nunca ei mais de deixá-lo ir embora de mim! Aonde é que paro quando penso em ti? Que lugar estou? Como é que fico? Parece que vago em uma estrada que nunca tem fim... em que tudo é neblina, tudo não tem relógio, não tem contas, não tem problemas... Fico no infinito, até que uma hora eu volto para a realidade, e os problemas vem me buscar... Volto à realidade, e vejo que sobre eu e você, nem tudo está bem. Mas a luz de nós há de brilhar, no mesmo sol e na mesma estrada... E eu ei de ser paciente.


Ladyfuria.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Janela da decepção I

Eu queria poder me jogar da janela agora, mas tem gente em casa. O ritual não se satisfaria se a solidão não estivesse presente. Eu choro, pois, porque eu tento, tento, tento, e de nada me adianta, pois eu sou um fracasso humano. Me corto, me labisco, me risco e, naturalmente, me mato. Quando vejo que tudo está indo pro poço, eu tento realçar as minhas capacidades. Tento subir as escadas do paraíso, mas sempre caio. Caio. Caio.
Eu perco tudo que tenho. Não enxergo os horizontes. Vejo tudo preto.
Eu não quero estar assim, mas esse estado é a minha condição humana para estar aqui ainda... e viver o pior dos fogos. Ninguém nunca há de se matar por meus espinhos, como eu que gosto das pessoas até o fio do cabelo, e só estrago a elas e a mim mesma.
Pois, então, eu quero morte, eu quero sair.
θάνατος...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

J. Curtain (I)

É preciso duvidar de tudo...
o que me resta, apenas, são pequenas considerações sobre mim mesma,
e sobre do que há de se reaproveitar em ti...
Que será que pensas?
espero que veja o lado útil e bom... descompassante.
És isto. Sairá do compasso junto a mim?
Todos os cinco horizontes giravam ao redor de sua alma...
Agora, o ar que eu provei e respirei tomou outro rumo.
Mas ainda te quero, da mesma forma imprevisível e concupiscente.
Faça parte de mim, te quero em plena contradição.

sábado, 9 de abril de 2011

O presente está fora de controle.

Cinza. Teu mundo é cinza, mas o próprio mundo em si é cinza. Vejo-te caminhar pelas estradas, sem rumo de visão, sem objetivo, tentando ser alguém pela luz do sol. O sol guia-te, e você é somente a sombra... você e tudo o que você carrega. Não digo só de ti, mas de mim também.
E é tão estranho ver tudo cinza, como realmente as coisas são. Como realmente as coisas são? Cinzas. A alegria vai embora, e vai habitar outros lugares. E eu fico com minha distorção cinza, sobre tudo o que olho. A vida não tem muita graça assim. Tudo é quase que instintivo, e minha mente, racional. Fico reflexiva, pra baixo, só de ver-me nesse mundo. Eu queria não poder mais estar aqui, e viajar pra outras terras - ou ares. Fora daqui. Fora desta materialidade. Fora deste cinza.
Eu só queria respirar direito.
Mas acho que consigo fazer isso nesse mundo cinzento.
Meus pulmões trancam um pouco.
Você abala meu coração, porém, o cinza impede-o de viver naturalmente.
Não sinto quase nada. Me torno insensível.
Mas ao mesmo tempo consigo perceber o quanto meu coração bate, e o quanto ele sentiria se estivesse vendo as cores naturais.
Eu queria poder viver outras coisas, mas me sinto tão trancada aqui. Eu sei que não sou daqui, sei que pertenço a outros pisos. Mas tenho de ficar aqui, nessa minha condição humana. Ou inumana.
Pra onde vais? Vejo-te caminhar por aí, sem saber pra onde ir... Sinto vontade de que me carregue sob teu colo, e me leve contigo pra onde for... e o cinza me impede de viver-te. me impede de sentir-te da minha maneira incrivelmente irresistível e cruel. Aonde estão as cores? Mostre-me, ou continuarás cinza...
Quero viver, ou poder viver... Possibilidade da possibilidade... é isso que és.
Quero ter alguém que me diga que tudo vai ficar bem; tenho as pessoas, mas ninguém me diz. Então vago nesse ônibus, com minha mochila, rumo a um lugar que eu não sei... Não sei onde vou parar, ou com quem irei encontrar no caminho. Só quero estar bem. Quero que alguém me faça acreditar nisso. Possibilidade-para-a-possibilidade...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Angústia do pudor.

"[...] é tão monstruosamente equívoca a angústia do pudor. Sem que se note qualquer desejo sexual, existe, contudo, um susto, e de que coisa? De nada. Entretanto, pode morrer-se de vergonha e um pudor ferido constitui a mais funda das dores, visto que aparece, entre todas as outras, como a mais carente de explicação. Desse modo, a angústia do pudor pode surgir por si só.
[...] Ora, a angústia, assim como se coloca no pudor, deve estar presente em qualquer prazer erótico, ainda que, de modo algum, tal prazer seja um pecado. [...] Mesmo quando o erotismo se exprima com inteira pureza, toda a moralidade, toda a beleza possíveis, sem que o perturbe em sua alegria qualquer meditação libertina, nem por isso a angústia ficará ausente, não como produtor de perturbação, porém como parte integrante.
[...] Em todo caso, está mais ou menos certo que os poetas jamais descrevem o amor, por mais pureza e inocência que exista em seu quadro sem que aí coloquem a angústia.
[...] Entretanto, quanto mais angústia existir, mais sensualidade existirá.
[...] Exatamente pelo fato de a sensualidade definir-se aqui como um mais, a angústia espiritual, ao assumir o espírito, torna-se angústia maior. O auge agora é esta conclusão terrível: a angústia do pecado produz o pecado."

Fabulosamente, Kierkegaard.
O Conceito de Angústia.


Pode ser que ninguém entenda nada, mas basta o que senti e ao que interpretei ao ler tais textos. Em todo caso, ele descreveu a sua vida, e a minha, ao mesmo tempo. Obrigado pelos esclarecimentos, eu precisava disso, e mostrou-me o caminho logo agora, logo agora que eu mais carecia de explicações. A angústia sempre esteve em mim, e nunca havia entendido. Tua obra me faz transformar o meu eu, e entendê-lo melhor. Agora entendo porque fiz tanta coisa, sem ao menos saber o que estava fazendo. Sabia que tinha que fazer; e agora, tu me apareces, com tua novidade de 1844 em 2011. Pois bem, entendo hoje os atos antigos, e ei de explicá-los aos seres que, inconformados e sofridos, me esperaram até hoje. Por ti, a mim, e a ti.

terça-feira, 29 de março de 2011

Once.

[...] o silêncio que observa na hora da confidência requer sedução e volúpia a fim de que os segredos possam ter satisfação em mostrar a cabeça e murmurar entre si naquela tranqüilidade artificial e segura em que se consideram desapercebidos, do mesmo modo precisará igualmente de uma primitividade de alma que lhe permita criar de repente uma totalidade, uma regra, com o que, no indivíduo, é sempre tão parcial e intermitente.
... Aquele que desejar, assim, observar uma paixão, deve, primeiramente, escolher bem o seu homem; depois, precisa ficar quieto, discreto, sem se dar a perceber, para furtar-lhe o seu segredo; finalmente, precisará exercitar-se naquilo que acabou de achar, até estar capacitado a mistificá-lo. Então, chega o instante de fingir a paixão e de comparecer diante dele em toda a grandeza sobrenatural de tal paixão.

Kierkegaard, em ti.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Time.

01:33, + números do album Dark Side of Moon do Pink Floyd, a partir de The Great Gig in the Sky, arredondando os números. deu 27. 3+27=30.
e 30 totaliza 02:00 da manhã.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O teu corpo.


Deixa o teu corpo nesta folha de papel
um sinal ou uma parte do teu corpo:
a parte o sinal valem o todo

um traço com a tua unha
ou um pedaço da mesma ou qualquer outra parte do teu corpo

uma marca digital ou outra impressão do teu corpo qualquer parte

um desenho uma assinatura
um retrato um risco : a tua mão á o teu corpo

uma ideia uma memória:
um apontamento gráfico um hieroglifo dessa memória tua calma tua alma

um objecto qualquer relacionado com o teu envolvimento social

uma sombra chinesa do
teu corpo qualquer parte


um pouco do teu sangue
esperma ou liquido qualquer
do teu corpo




Faz o que fizeres com amor lembra-te que
o teu corpo é o meu corpo que o meu corpo é
o teu corpo que o teu corpo é a meu corpo que
o meu corpo é o teu corpo que o teu corpo
é o meu corpo que o meu corpo é o teu corpo
que o teu corpo é o meu corpo que o
meu corpo é a teu corpo que e teu corpo

Ernesto de Souza.

domingo, 20 de março de 2011

Som do silêncio.

Não preciso te ouvir dizer...
apenas o silêncio já basta.
as cortinas se mexem, e eu fico aqui,
parada.
Não preciso me mover.
Tua sombra já realiza o necessário,
e eu fico aqui,
com meus olhos,
te observando fazer.
O som do silêncio
já apaga as luzes do meu ser
e me faz renascer...
Não preciso ter ninguém por perto
para me acertar,
para me ouvir.
O próprio silêncio já diz pra mim
qual é a resposta
de todas as perguntas que faço
e que ninguém de carne
sabe responder...
A ausência de luz me faz perceber
o quão o mundo é valho
das coisas e de ti...
Só quero estar por perto, ao menos
de vez em quando
ouvir-me bater na tua porta,
pedindo por calor...
Mas preciso, preciso sim
de momentos teus
e de momentos meus.
Com silêncio
e com
ardor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dor

o que é a dor eu não entendo;
mas sinto apertar de leve o meu peito
nas madrugadas quando estou a navegar...

domingo, 13 de março de 2011

Demônios I

Pensei que nem já existissem...
Tranquilamente em meu quarto, sem sono, preciso ir dormir... para acordar cedo, retomar a minha vida, pensar em ti de novo, e renascer... deixar amanhecer... Pensei que aconteceria como o normal. Mas interromperam a minha noite, e me botaram medo. E muito medo, como já não tinha a anos.
Deitei-me no chão, À espera de um novo suspiro, tentar imitar o ritual com que eu fazia em ti. Fechei os meus olhos, e respirei. Vozes de minha mente ecoavam, dizendo alguma coisa: "querem que pare, mas, por favor, continue, continue... descubra se realmente os demônios existem, que querem te "atrapalhar"(será?) no seu ritual.. continue..."
Interrompi o ritual por alguns segundos, para pensar sobre essa inquietude do sobrenatural. O que queriam, afinal? Não pareciam totalmente querer meu mal. Pareciam, por uma parte, desejarem meu bem. Mas porque? porque estou seguindo o pior caminho que tenho, que é amar-te e tê-lo infinitamente? Surge essas dúvidas em mim.
Eu não sabia o que pensar, quando parei. Se continuava com o ritual, ou se o cessava. Qual era a melhor escolha? Esses demônios... nunca dizem o que querem. Me botaram muito medo. Nem consegui dormir... demorei mais ou menos 1 hora até relaxar, e parar de pensar tanto.
Preciso de sono.
Preciso de vida.
Preciso que não me encomodem... Mas eu nunca me decidiria sem vocês. Nunca me confundiria sem vocês.
Por que me dizem tanto?

Talvez, Ladyfuria.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Vigilius Haufniensis

Não ignora-te, pois és o teu eu; e o
teu eu é o mesmo que possuo em mim.
Não há como gostar de ti sem gostar-me;
seria ironia dizê-lo que sim.
Nunca conheci melhor eu dentro de mim
do que você; você, este eu que se depara
todos os dias no espelho em busca do que és.
Não precisa ir tão fundo assim, pois a resposta que procuras está bem na sua
frente: eu.

M. K.

... o quão de inocência cabe na tua palma da mão? E o quanto de angústia nos pés? E a que tipo de quereres no coração...
Tu és a folha seca depois do verão, e a árvore intacta no deserto.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carne crua num prato branco.

Eu me encontrara num grupo de jovens que estavam afim de zoar por aí. Se não me engano, estávamos em 3 garotos e 3 garotas. 2 eram um casal, enquanto eu e o outro cara não éramos nada; male-mal conversávamos, mas dava pra sacar que ele era legal. Ele tinha um jeito meio nerd, seilá, era meio esquisito, mas ao mesmo tempo, era atraente. Porém, eu gostava de um outro garoto. Garoto mais ativo, mais bagunceiro, tinha um jeito meio normal e ao mesmo tempo não. Não sei se ele gostava de mim ou não, mas eu queria algo muito mais do que ele. O desejava de maneira corpórea, branquíssima, sem alma e ávida. Desejo insáciavel. Mesmo que tivesse tudo com ele, sua carcaça restaria, mas mesmo assim eu o quereria.
Eu, bem a verdade, não sei muito bem porque andava com aquele grupo de garotos e garotas. Sentia apenas que meu desejo, de certa forma, correspondia com o deles. Adolescente, eu não era tão ingênua assim. Resolveram sair, assim meio do nada, em busca de um motel. Ora, um motel? Nunca entrei em um, e nem sei se já pensara em entrar. Porra, que jeito eu ía, se ao menos não tinha um 'parceiro'? A questão era esquisita, porque, afinal de contas, eu era virgem. Com quem eu perderia a virgindade, apenas para acompanhar o resto? Ou até de meu próprio gosto... Os casaizinhos 16 pareciam ser velhos de estrada no sexo, então proporam ir ao motel sem pensar muito, pois já não deveria ser a primeira vez. Pra mim, foi um susto. Mas aceitei a proposta. Eu pensava em sexo, mas não sabia como fazê-lo. Desejava-o como uma carne crua num prato branco. Queria-o sem muita enrolação, sem muita cerimônia, pois a verdade é que eu queria descobrir melhor o mundo. Bem, se eu fosse ir para o motel, eu queria ir com o menino que eu gosto. Embora o nerdzinho talvez fosse bom. Uma espécie de corpo que me atiçava, me chamava, de modo mais calmo e não tão louco. O nerd era meio baixo, posição ossal atrativa, corpo médio. Decidimos ir, e eu esperava encontrar o tal meio-a-meio para poder convidá-lo, se é que ele queria. Bom, urubu não nega carne podre.
Andando em meio à rua, acho que estávamos indo em direção ao motel. Seilá, os dois casais poderiam entrar no quarto, e eu e o nerd nos decidiríamos por ali. Ele tinha uma certa afeição por mim, afeição até demais, embora fosse ocultada. Porém, percebi tal ocultação. Talvez pudesse rolar alguma coisa; mas depois, não sei. Ele era um pouco tímido às vezes; tinha receio de perguntar certas coisas mais íntimas, sempre estava perto, não falava muito. Mas só de seu corpo próximo ao meu eu sentia o quanto ele me queria;e eu, talvez, de maneira mais moderada.
Caminhando rumo ao pecado... meu encanto cor-de-leite surge em meio à penumbra, dizendo que sua mãe tinha feito umas coisinhas (doces, por sinal) e chamou a gente pra comer. Não sei se ele fez isso por querer ou não, digo, com a intenção de me atingir e me fazer ter queda. Afinal, doce pra mim é água. Pensei: agora é a chance de chamá-lo de canto e fazer a proposta, ou talvez até melhor: encostar-lhe minha boca seca, em troca de uma vida. Ou não. Bom, todos nós fomos então à sua casa comer os petiscos de sua mãe, que sempre fazia doce. Eu ia lá às vezes, às vezes até demais. Uma vez nos beijamos. Mais de uma vez, talvez. Ele tinha 16 anos.
Tinha uma galera na casa dele. Tinha uma grande piscina também, que parecia um rio. De repente, o meu grupo de pessoas começou a nadar na piscina gigantesca, e eu fiquei só olhando. Os casais que estavam comigo se beijavam lá dentro, a água balançando e o desejo rolando solto... O nerd não sei onde foi parar. O cor-de-leite andava ao redor, por lá... e eu pensava nele tão incisivamente, que não sabia o que dizer ao chegar perto dele. O que eu falaria?...
A piscina começou a produzir ondas. O pessoal só utilizava a metade da piscina. Comecei a pensar muitas coisas enquanto via eles nadarem. Senti vontade de entrar na piscina, e ficar do outro lado, onde estava vazia. Queria ficar lá pensando. Meu mundo caiu.
Karine, sentada nas mesas, me perguntou: Não vai entrar na piscina?
E eu: Não, meu mundo acabou.

Sonho da madrugada do dia 4 de março, 2011.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Durma, durma...



Fizemos nossas camas
E agora nós colocamos

Vamos navegar neste barco, para o pôr do sol
O vento sopra do leste

Fizemos nossas camas
E agora nós a bagunçamos novamente...

terça-feira, 1 de março de 2011

Você nunca se esvai...

Me perder em meias-verdades e álibis...
Eu quero acreditar em você,
Eu quero que você me perca em
meias verdades e álibis
o sentimento é, a sensação é que eu me lembro do caminho de volta quando
éramos reis ... e da maneira que o frio deixou sua marca em nossa pele
enterramos nossas cabeças na areia
estávamos deslizando para cima / fora? lentamente

Mãos frias envolvendo nossas gargantas e como a tempestade que nos rodeia quebrou,
estávamos ocupados fazendo planos planos para nos manter à tona...

nós nos levantamos, caímos
sem dormir... o sono. não repetir o sono.

da maneira que o frio deixou sua marca em nossas peles
enterramos a cabeça na areia.
estávamos deslizando devagar...

Por favor não vá, é bom tê-lo sempre aqui, mas sei que não poderei segurá-lo por muito tempo. Perdemos tempo tentando calcular o futuro, abrindo portas pro passado, oportunizando lugares impossíveis. E quando a oportunidade surgiu, o medo tomou conta, ou melhor, a ilusão de ainda estar presa em algum sentimento. Na verdade tudo foi uma grande farsa, e essa farsa destruiu a minha vida. Ainda não posso aceitar o quão fui boba e não me abri a ti, ao menos nos momentos de delírio e confusão. Você, felizmente ou infelizmente, é uma pessoa que me deixou e deixa confusa, que até nem eu entendo mais o que sou ou o que quero. Chega de sangue, eu não quero mais viver assim. Chega de fogo, de fumaça, de névoa, de floresta, de escuridão. O que eu mais quero é poder ver; é poder ver-te por perto, com esses olhos enxugados de tanto chorar. Meu deus, o quanto fui cega, em não perceber as boas horas de te aceitar. Agora vivo e revivo tempos de decepção, de angústia, de quartos fechados e restos vazios. Afinal, agora é um grande momento de me aponderar de tais sentimentos e analisar o quanto eles são importantes. Pois no fim, tudo será nada. A companhia será zerada. E a solidão, completa.
Eu quero me desmentir, quero acreditar em meias-verdades e álibis. Quero estar longe desse lugar silencioso e bagunçar um pouco a vida, dar passos mais longos e arriscados, viver e não deixar viver, esperando que algo aconteça. E o medo é o pior personagem da história, ou o melhor. Tenho mais medo do medo do que o próprio medo; o medo de sentir medo, o medo de possuir medo e o medo de não sentir nada. Quais serão os meus pecados? Pareço que não cometo nenhum; ou parece que os únicos que cometo é em pensar coisas que eu nunca fiz. Pensar em coisas que não se deve, pensar em desejos escrúpulos, desejos 'carniçiosos' e perniciosos, que podem me levar ao profundo delírio.
Enterramos nossa cabeça na areia... esperar que o vento tome conta do resto do corpo, enquanto a vida passa. Como se estivéssemos destinados temporariamente um para o outro, e esperássemos num mesmo lugar, e ao mesmo tempo, distantes. Por mais que tente, não conseguirá esquecer. A semente é profunda, e se instalou em ti de maneira que não há mais nada o que fazer.
Estávamos ocupados fazendo planos e planos para nos manter à tona... ocupados com nossa vida também, fazendo o tempo passar, para chegar a hora de nos enfrentarmos. De nos 'amarmos'. A vida continuava, mas o nosso plano também. Mas ele seria realizado posteriormente, sem data prévia. Nosso plano estava escondido atrás da verdadeira vida, e só seria usado em caso de "libertação", de minha parte. Eu deveria estar totalmente livre, pura, longe de contradições, de maus pensamentos. Mas, meu bem, desculpe, é impossível isso acontecer. Você já é a própria contradição, e eu nunca entendi o quanto eu me ligo pra isso, o quanto a contradição me atrai. Felizmente ou não, tento me afastar disso. Sei que ela me faz me perder, me faz perder a cabeça. Posso contar nos dedos quantas vezes deixei isso ocorrer: uma. Realmente, não sei se vale a pena. Mas consigo acreditar que você é um caso a parte. Nós nos levantamos, e depois caímos. Nos levantamos de novo, e caímos outra vez. É uma oscilação. Ora estamos próximos de tornar realidade nossos desejos, ora começamos do zero, ou seja, vemos que não estamos nem perto de realizar o desejo que temos um do outro. Creio que não será sempre assim. Eu que sou tão vidente das coisas, nesse específico caso não consigo dar certeza. Só consigo sentir, sentir que o tempo ainda não acabou... que ainda resta tempo para nós. Mas você não quer esperar. Viva em mim como uma semente tranquila e singela... Vivo em ti como uma semente tranquila e singela...
Na areia ainda estão nossas cabeças, e elas vão indo rumo a uma dimensão que os olhos ao ar não vêem... é a realidade debaixo da areia. A nossa realidade. Ela existe, embora não a vemos. Essa é a razão que te faz desistir. Eu sei que ela existe e sei que sempre irá de existir, por isso é que te puxo com essa minha possibilidade de nós, essa esperança que nunca se esvai. Seu frio deixou uma marca em minha pele... "Eu te quero" é para sempre, em plena contradição.

Marriane.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A melhor possibilidade é morrer...

Podemos conversar... ou nos amar, ou viver, ou nos prender aos lençóis, ou nos entregar um ao outro... ou seilá. morrer. podemos morrer.
Talvez seja a melhor possibilidade, pois tudo que fizermos de prazeroso e momentâneo nos levará ao pior e irreversível dos desejos: a morte. O prazer e a morte são tudo uma mesma coisa, pois me esgamo e me mato a cada momento que sinto que te quero; e quando tenho, a morte é súbita.

Quebre meus ossos
preste atenção
ame-me
beije-me cowboy
corte seus pulsos
rasgue suas pernas
beije minha boca
beije-me cowboy
olhe esses quartos
tapetes sujos
e as janelas
vidros quebrados
olhe aqueles olhos
aqueles olhos negros
e no espelho
no espelho teu corpo vejo
as paredes brancas
espere por mim
espere
espere por mim
prostitutas
travestis
face a face
beije-me cowboy
raspe suas pernas
pegue meu quadril
ame-me
beije-me cowboy
ame-me, beije-me
ame-me, mas puxe o gatilho