Eu, bem a verdade, não sei muito bem porque andava com aquele grupo de garotos e garotas. Sentia apenas que meu desejo, de certa forma, correspondia com o deles. Adolescente, eu não era tão ingênua assim. Resolveram sair, assim meio do nada, em busca de um motel. Ora, um motel? Nunca entrei em um, e nem sei se já pensara em entrar. Porra, que jeito eu ía, se ao menos não tinha um 'parceiro'? A questão era esquisita, porque, afinal de contas, eu era virgem. Com quem eu perderia a virgindade, apenas para acompanhar o resto? Ou até de meu próprio gosto... Os casaizinhos 16 pareciam ser velhos de estrada no sexo, então proporam ir ao motel sem pensar muito, pois já não deveria ser a primeira vez. Pra mim, foi um susto. Mas aceitei a proposta. Eu pensava em sexo, mas não sabia como fazê-lo. Desejava-o como uma carne crua num prato branco. Queria-o sem muita enrolação, sem muita cerimônia, pois a verdade é que eu queria descobrir melhor o mundo. Bem, se eu fosse ir para o motel, eu queria ir com o menino que eu gosto. Embora o nerdzinho talvez fosse bom. Uma espécie de corpo que me atiçava, me chamava, de modo mais calmo e não tão louco. O nerd era meio baixo, posição ossal atrativa, corpo médio. Decidimos ir, e eu esperava encontrar o tal meio-a-meio para poder convidá-lo, se é que ele queria. Bom, urubu não nega carne podre.
Andando em meio à rua, acho que estávamos indo em direção ao motel. Seilá, os dois casais poderiam entrar no quarto, e eu e o nerd nos decidiríamos por ali. Ele tinha uma certa afeição por mim, afeição até demais, embora fosse ocultada. Porém, percebi tal ocultação. Talvez pudesse rolar alguma coisa; mas depois, não sei. Ele era um pouco tímido às vezes; tinha receio de perguntar certas coisas mais íntimas, sempre estava perto, não falava muito. Mas só de seu corpo próximo ao meu eu sentia o quanto ele me queria;e eu, talvez, de maneira mais moderada.
Caminhando rumo ao pecado... meu encanto cor-de-leite surge em meio à penumbra, dizendo que sua mãe tinha feito umas coisinhas (doces, por sinal) e chamou a gente pra comer. Não sei se ele fez isso por querer ou não, digo, com a intenção de me atingir e me fazer ter queda. Afinal, doce pra mim é água. Pensei: agora é a chance de chamá-lo de canto e fazer a proposta, ou talvez até melhor: encostar-lhe minha boca seca, em troca de uma vida. Ou não. Bom, todos nós fomos então à sua casa comer os petiscos de sua mãe, que sempre fazia doce. Eu ia lá às vezes, às vezes até demais. Uma vez nos beijamos. Mais de uma vez, talvez. Ele tinha 16 anos.
Tinha uma galera na casa dele. Tinha uma grande piscina também, que parecia um rio. De repente, o meu grupo de pessoas começou a nadar na piscina gigantesca, e eu fiquei só olhando. Os casais que estavam comigo se beijavam lá dentro, a água balançando e o desejo rolando solto... O nerd não sei onde foi parar. O cor-de-leite andava ao redor, por lá... e eu pensava nele tão incisivamente, que não sabia o que dizer ao chegar perto dele. O que eu falaria?...
A piscina começou a produzir ondas. O pessoal só utilizava a metade da piscina. Comecei a pensar muitas coisas enquanto via eles nadarem. Senti vontade de entrar na piscina, e ficar do outro lado, onde estava vazia. Queria ficar lá pensando. Meu mundo caiu.
Karine, sentada nas mesas, me perguntou: Não vai entrar na piscina?
E eu: Não, meu mundo acabou.
Sonho da madrugada do dia 4 de março, 2011.
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