"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

quarta-feira, 30 de março de 2011

Angústia do pudor.

"[...] é tão monstruosamente equívoca a angústia do pudor. Sem que se note qualquer desejo sexual, existe, contudo, um susto, e de que coisa? De nada. Entretanto, pode morrer-se de vergonha e um pudor ferido constitui a mais funda das dores, visto que aparece, entre todas as outras, como a mais carente de explicação. Desse modo, a angústia do pudor pode surgir por si só.
[...] Ora, a angústia, assim como se coloca no pudor, deve estar presente em qualquer prazer erótico, ainda que, de modo algum, tal prazer seja um pecado. [...] Mesmo quando o erotismo se exprima com inteira pureza, toda a moralidade, toda a beleza possíveis, sem que o perturbe em sua alegria qualquer meditação libertina, nem por isso a angústia ficará ausente, não como produtor de perturbação, porém como parte integrante.
[...] Em todo caso, está mais ou menos certo que os poetas jamais descrevem o amor, por mais pureza e inocência que exista em seu quadro sem que aí coloquem a angústia.
[...] Entretanto, quanto mais angústia existir, mais sensualidade existirá.
[...] Exatamente pelo fato de a sensualidade definir-se aqui como um mais, a angústia espiritual, ao assumir o espírito, torna-se angústia maior. O auge agora é esta conclusão terrível: a angústia do pecado produz o pecado."

Fabulosamente, Kierkegaard.
O Conceito de Angústia.


Pode ser que ninguém entenda nada, mas basta o que senti e ao que interpretei ao ler tais textos. Em todo caso, ele descreveu a sua vida, e a minha, ao mesmo tempo. Obrigado pelos esclarecimentos, eu precisava disso, e mostrou-me o caminho logo agora, logo agora que eu mais carecia de explicações. A angústia sempre esteve em mim, e nunca havia entendido. Tua obra me faz transformar o meu eu, e entendê-lo melhor. Agora entendo porque fiz tanta coisa, sem ao menos saber o que estava fazendo. Sabia que tinha que fazer; e agora, tu me apareces, com tua novidade de 1844 em 2011. Pois bem, entendo hoje os atos antigos, e ei de explicá-los aos seres que, inconformados e sofridos, me esperaram até hoje. Por ti, a mim, e a ti.

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