[...] o silêncio que observa na hora da confidência requer sedução e volúpia a fim de que os segredos possam ter satisfação em mostrar a cabeça e murmurar entre si naquela tranqüilidade artificial e segura em que se consideram desapercebidos, do mesmo modo precisará igualmente de uma primitividade de alma que lhe permita criar de repente uma totalidade, uma regra, com o que, no indivíduo, é sempre tão parcial e intermitente.
... Aquele que desejar, assim, observar uma paixão, deve, primeiramente, escolher bem o seu homem; depois, precisa ficar quieto, discreto, sem se dar a perceber, para furtar-lhe o seu segredo; finalmente, precisará exercitar-se naquilo que acabou de achar, até estar capacitado a mistificá-lo. Então, chega o instante de fingir a paixão e de comparecer diante dele em toda a grandeza sobrenatural de tal paixão.
Kierkegaard, em ti.
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