Os dois modos de sentir estão ligados pelo fato de cada um deles se inclinar para se converter no seu oposto aparente, e por causa das incertezas da região essas conversões são quase automáticas. Toda esperança transporta consigo um receio, e cada receio se tranquiliza a si mesmo pela conversão na esperança correspondente.
[...] o interesse da proposição reside no fato de ser bem sucedida no abolir totalmente o tempo futuro assimilando-o ao passado. O que será ou pode ser
; porque <<se vier efetivamente a ser, não pode ser concebido como não sendo>> (quicquid futurum est, id intelligi non potest, si futurum sit, non futurum esse>>). A quietude do passado é garantida pelo fato que o passado não pode ser desfeito e que a Vontade <>.
A disposição normal do eu que quer é a impaciência, a inquietação, e o cuidado (Sorge), não apenas por causa de a alma reagir em relação ao futuro com receio e esperança, mas também porque o projeto da vontade pressupõe um eu-posso que de modo nenhum se encontra garantido. A preocupada inquietação da vontade só pode ser aplacada pelo eu-quero-e-eu-posso, isto é, por uma cessação da sua própria atividade e pela libertação do espírito da dominação dela.
Hannah Arendt, em A vida do espírito.
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