"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Tenho desejo de mim mesma"

Eu acordo, a um horário não tão cedo, mas nem tão tarde, e começo a perceber o dia. Espero pombas pretas passarem no céu azul, para que me animem ao meu levantar. Às vezes fico com sono e tento destrair-me com Gabriel Márquez García. Eu sabia que precisava ler mais um livro dele, talvez para descobrir o quão sou esteta e asceta ao mesmo tempo. Bem, vamos lá.
Mais filmes assistidos, mais livros lidos, mais Kierkegaard's na minha mente, mais Sócrates e menos Aristóteles. Talvez Aristóteles um pouco mais, pois preciso estudar esse filho da mãe que segundo Muy Bem, falava mal das mulheres mas as tratava bem. O que eu duvido. Dessa vez fui de 500 dias com ela, pra tentar viajar um pouco mais na viagem do amor. Procuro escritos que me façam perceber que isso existe. E me identifiquei com esse filme, pois tratava de um assunto muito próximo ao qual eu estou em busca. É uma busca longa e pesada, além de muito cansativa. Alguém me estimulou a fazer tal procura, e está sendo ótimo pra mim. O que já não era a tempos, como 2005.
Eu desejo saber sobre mim, e sobre os outros. Os outros, ou a mim, que deve(m) ser meu ponto de partida? Sei que necessito de alguém para me estudar, pois como já dizia o maldito Aristóteles, "o homem é um animal político", ou seja, tem precisão de agrupar-se para conhecer a si e aos outros. Porque quero saber sobre mim? Porque necessito desta fase, deste processo? É tão complicado essa resposta, que talvez livros possam responder. Estou tão vidrada em temas como o existencialismo, o medo, a dor e o prazer que não me desgrudo mais de meu próprio eu, praticamente. É claro que não converso comigo mesma. Quer dizer, às vezes. Tá bom, eu admito, sempre falo comigo. Ou ao menos tento. Eu quero ser alguém. Quero dizer palavras aos outros. Quero que aceitem as minhas palavras, como também quero aceitá-las. Mas é difícil, mui difícil. Sou ainda um animalzinho. Uma criança. Que está atrás do que não é verossímil, mas plenamente verdadeiro, e que ainda me diga porque estou aqui. E porque existo, ou pra quem existo. Se é que existo para alguém.
Fico pensando muitas vezes, porque existo? Se estou aqui, é porque tenho algo a fazer, ou então, algo a mostrar com minha vida e minha morte. Devo ser moral de algo. Como também devo ter a moral de alguém. Conhecendo o meu ser e a meu espírito, só assim saberei porque estou aqui e qual é o valor ou significado de minha existência... Que Kierkegaard esteja certo. Ou Sócrates, minhas duas paixões. Ou melhor, meus dois amores, pelo qual encontrei uma das razões que preciso estar ainda aqui neste mundo de prazeres e desprazeres. Sinto vontade de chorar quando me lembro do filme de Sócrates, ou da obra de arte que pintaram dele quando vi num artigo que se chama "Suicídio entre filósofos". Mas vale dizer que Sócrates não se suicidou, embora muitos pensadores o achassem. Ele agora contempla a verdade, ou está me esperando para que eu contemple com ele... Bobo, não?
Junto à existência dos outros, eu me encontro em um ponto existencial, junto a essas outras pessoas. Elas me auxiliam, de certa forma, na minha busca de si mesmo.
"Pode uma pessoa ler livros incontáveis, assistir a conferências altamente intelectuais, cumular vastos cabedais de ilustração; mas se não souber penetrar em si mesma, para descobrir a verdade, para compreender o processo total da mente, os seus esforços, por certo, só gaverão de torná-la mais superficial ainda". Krishnamurti . Mais além ainda: "Estou apenas a ser como um espelho da vossa vida, no qual podeis ver-vos como sois. Depois, podeis deitar fora o espelho; o espelho não é importante." Krishnamurti. O que ele quis dizer é que ele está sendo um instrumento para que possamos, ou melhor, para que eu possa descobrir o meu eu. É essa a função do outro, ele te ajuda a encontrar o que há dentro de si, para depois deixar de utilizar o outro dessa forma quando acabar o seu uso. Mas amigos não servem somente para isso; este é apenas uma de suas utilidades, embora tenha várias outras.
Esta é a mensagem que deixo a todos.

Marriane.

Um comentário:

  1. "Mais filmes assistidos, mais livros lidos, mais Kierkegaard's na minha mente, mais Sócrates e menos Aristóteles." Engraçado.
    Eu procuro o meu eu, e agora sem medo, sei que é possível encontrá-lo. Krishna está certo, de nada adianta ser o dos mais intelectuais, se por fora da pele é um eterno animal, que não tem a curiosidade de entender o próprio Eu.

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