"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Νάρκισσος, o anti-herói da rebusca do próprio ser

Talvez um nome não muito criativo. Mas o que eu quis expressar aqui não é a plena alusão ao Narcisismo, muito menos mostrar-me como um adepto desse pensamento. Existem vários lados de se ver esse mito, como também o de seu movimento, o Narcisismo. Como Freud dizia, todos nós o possuimos desde o nascimento. Mas não ao extremo: a fase adolescência é muito comum nos acharmos diferenciados dos outros, mas isso não permanece intenso até o resto da vida. Vamos encontrando pessoas perfeitas para nós, e percebemos que não somos nós apenas o Rei do xadrez, ou seja, a "peça-chave" principal, para que tudo nasça ou acabe. Mas ainda não cheguei onde quero chegar.
O termo "a flor de narciso" tem várias objeções e interpretações. Não digo respeito apenas à flor propriamente dita que se chama narciso, ou a flor que ficou a beira da "fonte" que apareceu depois que Narciso morreu, de tanto admirar a imagem refletida da água. O que quero dizer também é que essa flor é única; e nossos serem provêm dela. Ou seja, somos únicos, como a flor que nasceu "de" Narciso. E por sermos únicos, temos relação com o narcisismo: a paixão por si mesmo. Não a paixão esmagadora, cruel, exacerbada; mas aquela leviana admiração por nós mesmos (seautou, transliteração do grego) nos mostra o quanto nos diferenciamos por outros e quanto somos únicos, ou seja, divergentes do resto. Mas como eu disse, esse sentimento é fraco; logo que conhecemos alguém, vemos que não somos os "únicos" (entende a expressão? únicos = especiais, diferentes positivamente) da terra, mas que conhecemos outros tipos de únicos, que é claro, diferente de nós, que acabamos nos interligando - coesão, para Durkheim.
Nunca fui exageradamente narcisista, nem fui tampouco fraca em não ser narcisista. Fui um pouco de cada, ou talvez de nenhum. Então, é mais ou menos isso que eu quis expressar. É claro, não nego, existem outras explicações para este termo. Afinal, todos nós somos únicos (não para nós mesmos, mas também para outros, que é esse o X da questão que mostra a fraqueza do narcisismo quando atingimos a maioridade - que não é bem na linhagem que Kant dizia -, mas no sentido de maturidade mesmo. [É a partir daqui desse conceito que Kant entra - Aufkarung, um dos maiores e melhores conceitos que eu já li nessa vida humana {que por hora já vivi outras que não seja humana}]).

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