"Não queiras que as coisas que acontecem aconteçam como desejais; mas desejai que as coisas que acontecem sejam como são, e a vida vos fluirá tranquilamente." Epicteto

domingo, 11 de março de 2012

Último romance sentimental.

Só queria que você deitasse do meu lado, eu queria olhar-te naquela escuridão. Tua luz estava acesa, acesa para mim. Estávamos a sós, um quarto fechado, um pequeno espetáculo para nós dois. Quem dera se eu pudesse ver tudo aquilo de longe. Minha carne estava trêmula. Minhas mãos passavam por teus cabelos. Você me olhava com aquele olhar profundo, intrigante. A tua respiração. Eu sentia. As tuas mãos em mim. O teu suor subjugado ao meu corpo. Boca na boca. Sua boca na minha, com calma, sem pressa. Às vezes com algumas pressões. Meu coração te sentia, te tateava, queria ter você. Eu me afundava em você. Eu sentia meu ser atravessando a porta do teu. Eu queria ir mais fundo, mas eu não tinha pressa. Meu coração me puxava, me afogava, me inundava, querendo por você, por você. Eu deixava a onda me acertar, e levando o tempo embora. Suspiros. Beijos calmos. Aquecendo. O calor fruía nossos corpos. Movimentos com afago, com suspiros, sem remorso. Eu nada pensava, a não ser em você, amor. A música nos levava para um outro paradigma. Para outra dimensão. Para outra escuridão, que não a do meu quarto, ao qual eu sempre tive medo. Você é um paradoxo, cheio de tristeza e conversão. A nossa pequena dança. Ela nos embalava. Fazia nos amarmos. O céu atrás de nós, que não o víamos. A escuridão nos tomava em cheio. Um quarto fechado só para nós, não tínhamos pressa nem tempo. O tempo não existia. Foi o único momento em que não existiu. Não é um amor efêmero. Eu sinto que há algo mais. E esse algo é você; a tua existência, a tua preexistência em mim, o teu afago, o teu jeito, o teu gesto, as tuas lágrimas futuras, o teu rosto encoberto, de suor e medo. Acabamos cheios de energia. Não queríamos nunca parar. O teu beijo era contagiante, me puxava toda hora, sempre pedindo por mais. E eu não rejeitava tal desejo. Eu sempre queria, e sempre quero, o teu beijo, o teu eu, o tal de você, que diz ou que mostra, que fala ou que faz, que existe e que vive. Você. E tudo o mais que há nele.



Texto fictício inspirado por Bruna Siena.

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